O
mercado de trabalho hoje é um dos mais competitivos da história. Atualizar-se,
buscar novos conhecimentos e continuar os estudos são algumas das maneiras de
se diferenciar. Na área médica, isso é muito importante, uma vez que uma
informação a mais ou a menos pode ser decisiva para salvar uma vida. Um dos
meios de estar sempre adquirindo novas informações e se reciclando é através da
educação continuada
e, hoje, muitas sociedades de especialidades promovem programas com este
objetivo.
Quais
são, afinal, os melhores caminhos para buscar atualizações? As sociedades podem
investir mais no relacionamento com os associados? Qual a importância de o
médico manter-se atualizado? Quais as opções para auxiliar o médico nesse
crescimento profissional? Ouvimos os mais variados especialistas para que eles
deem o seu parecer.
Ortopedia
Alexandre Fogaça
Presidente do Comitê de Educação
Continuada da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (Sbot)
“O
foco da atenção médica é o paciente. Hoje, você tem que manter um médico
atualizado, já que a produção de conhecimento é imensa e muito rápida. Assim,
isso se torna fundamental para que seus pacientes tenham acesso àquilo que é
mais efetivo no tratamento das principais doenças ortopédicas. Os congressos
são um exemplo de encontros para debater temas e casos. Contamos também com uma
ferramenta fundamental, que é a internet. Além disso, temos livros e produções
técnicas feitas pelos próprios ortopedistas que são vendidos ou distribuídos
para tentar aprimorar o conhecimento. Como o Brasil é um país imenso,
realizamos cursos regionais variando o tema de acordo com a demanda. Os
congressos
nessas áreas são montados para solucionar as dúvidas dos profissionais. Os temas
procurados ainda continuam sendo os de atualização científica. Em relação à
gestão da carreira médica, não são todos os profissionais que se preocupam com
isso no dia a dia. Agora, da atualização científica todos necessitam. A
principal função de uma sociedade médica é manter os indivíduos daquela
especialidade coesos e levar aprimoramento técnico para esses associados”.
Neurologia
Geraldo
Rizzo
Responsável
pelo Laboratório de Sono do Serviço de Neurologia e Neurocirurgia (Sonolab) do
Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre
“No
mundo de hoje, globalizado, tudo envolve competição. Na nossa sociedade, temos
que competir e buscar sermos os melhores. Se não nos diferenciamos nesse
mercado, não temos chance. Essa é a razão principal da especialização, da
melhora e da busca de atualização para o médico. Ele precisa se diferenciar. A
sociedade pode fazer isso através de uma série de coisas, como cursos de
qualificação, MBA, parceria com empresas que oferecem cursos. Fazendo isso, a
sociedade dá opções para que o médico possa melhorar e se qualificar. A sociedade
é o melhor caminho para se atingir essa qualificação.
Com
relação à busca por cursos, sejam eles científicos ou de gestão da carreira,
acho que os dois são importantes se o médico quiser progredir. Alguns médicos
que trabalham com gestão buscam mais sobre esse tema: um exemplo disso são aqueles
que gerenciam clínicas. Existem os que são autônomos ou empregados e vivem em
um mundo muito mais restrito. Acredito que as sociedades deveriam oferecer
treinamentos para a equipe. A Medicina do Sono, por exemplo, é uma atividade
multidisciplinar, logo, para trabalhar com o sono, é preciso de técnicos que
não são médicos. Esse é o pessoal que a gente trabalha. A sociedade tem tudo
para melhorar a equipe do médico com cursos de qualificação”.
Cardiologia
Fernanda
Consolim
Médica
assistente da Unidade de Hipertensão do Instituto do Coração (InCor). Coordenadora
do programa de pós-graduação da Universidade Nove de Julho, em São Paulo
“Dentro
da área médica, observamos um cenário de rápidas mudanças na abordagem dos
pacientes, decorrente, em grande parte, do desenvolvimento tecnológico e da
rápida transferência de conhecimento
das
áreas básicas para a clínica. O aumento das novas informações e a velocidade
com que elas vêm sendo difundidas exigem que os profissionais que utilizarão
essas informações tenham uma rigorosa crítica, para selecionar o que de fato
tem um respaldo científico e é fundamental no seu campo de atuação. Essa
atualização é extremamente importante para o médico, pois o impacto na prática
clínica é de 100%. O crescimento profissional que atribuo a essa atualização é
a capacidade do médico em atender
o
seu paciente com mais eficácia. Isso é o que chamo de atendimento médico
adequado. Esse movimento demanda tempo e dedicação, e um dos papéis das
sociedades médicas é auxiliar seus membros nessa
tarefa.
Cada área de atuação tem um número muito grande de informações geradas todo
ano. Uma sociedade médica agrega um número de especialistas que tem uma massa crítica
para interpretar e extrair
de
toda essa informação, o que tem potencial impacto para a área, apontando a
relevância para os diferentes tópicos. Essa avaliação facilita aos colegas da
mesma especialidade selecionar os interesses individuais dentro de um universo
de informações. Em um curso de Reciclagem em Cardiologia, como o oferecido pela
Socesp, o tema Gestão de carreira não é o foco principal. Gestão em carreira é
um assunto que engloba aspectos de Administração, Marketing, Mercado, entre
outros, e essa abrangência, a nossa sociedade não está oferecendo. Mas ela pode
vir a oferecer, dependendo da demanda pelos nossos sócios. Hoje em dia, estamos
percebendo que a atuação do médico está associada a uma equipe. Nesse sentido,
o indivíduo que lidera essa equipe tem o papel de fomentar a procura de
informações e a melhora de todos os indivíduos que estão participando do seu
grupo”.
Cirurgia
geral
Dalvélio
Madruga
Ex-presidente
do Conselho Regional de Medicina da Paraíba e membro da Comissão de Ensino
Médico do Conselho Federal de Medicina (CFM)
“Em
toda atividade da vida é essencial a qualificação e atualização dos
conhecimentos. Em se tratando de uma profissão caracterizada como Ciência
Biológica e, sobretudo, humanística, manter-se sintonizado com o progresso
científico e tecnológico é imperativo para um bom desempenho profissional. É
bom frisar que toda essa evolução há de se desenvolver respaldada em princípios
éticos e bioéticos. As sociedades de especialidades primam por acompanhar os
avanços nas diversas áreas da Medicina, isso através dos congressos, jornadas, simpósios,
publicações em revistas, jornais e portais, todos com a
mesma
finalidade, realizar intercâmbio e trocas de experiências, tendo um único
objetivo: dar o melhor de sua capacidade profissional a quem necessita de
assistência. Todo e qualquer aprendizado traz a quem tem a oportunidade de
fazer – e aos que direta ou indiretamente terão a oportunidade de constatar a
atualização – mais segurança e preparo, com satisfação para a sociedade como um
todo quando ela busca atendimento. Na atualidade, são fundamentais o trabalho
em equipe e a divisão com responsabilidade
das
tarefas. Dessa maneira, todos serão beneficiados: os profissionais envolvidos e
os pacientes assistidos. O apoio das sociedades, com diretrizes, programas de
educação continuada e outras formas de estímulo, constituem ações de suma
importância no aprimoramento profissional”.
Endocrinologia
Hans
Graf
Chefe
da Unidade de Tireoide do Hospital de Clínica da Universidade Federal do Paraná
e diretor da Sociedade Latino-Americana de Tireoide (LATS)
“O
conhecimento dobra a cada três anos, mais ou menos nessa proporção. Se a pessoa
não se atualiza através de congressos ou de publicações específicas, ela ficará
defasada na sua especialidade em pouco tempo. Essa é a importância de estarem
sendo realizados os cursos de educação médica continuada. Existe um programa,
como o da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem), que é
a
publicação de vários livros e brochuras que colocam o indivíduo a par dos mais
recentes estudos e trabalhos em uma área específica. Além disso, a sociedade
tem através dos seus congressos de atualização outra maneira de oferecer
educação médica continuada. Os temas de maior importância são os que mais são
frequentemente vistos na prática da clínica geral. A gente pode citar na nossa especialidade
alguns exemplos como obesidade, diabetes e tireoide. Só para citar algumas patologias
que são as mais prevalentes. Logo, o foco deve ser dado aos doentes em que o
especialista se confronta com maior incidência daquelas mais raras. É através
dos cursos que você tem essa melhor parceria. Nas sociedades, a pessoa
responsável pela organização da educação médica continuada deve escolher expoentes
na área de atuação. É importante que o organizador, ao chamar um médico, tenha
o cuidado de verificar se aquela
pessoa está se
atualizando também”.
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