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Hiperatividade Infantil

Crianças gostam de brincar, fazer bagunça e correr para lá e para cá. Movimentam-se tanto que dão uma canseira nos pais ou em quem estiver com elas. Mas é preciso ter cuidado para não identificá-las erroneamente como portadora do TDAH.

Às vezes, a criança está apenas passando por algum problema e essas características aparecem.

A psicóloga Maria Teresa Ramos de Souza explica que crianças, para serem diagnosticadas como hiperativas, devem passar por uma criteriosa avaliação de profissionais especializados. Normalmente elas apresentam comportamentos agitados, não param quietas um só instante, estão sempre fazendo algo “errado”, sendo apontadas como um mau exemplo. “Mas não é tão fácil identificá-las porque estas características se confundem com sintomas comportamentais de outras dificuldades infantis”, afirma a psicóloga.

Maria Teresa sempre orienta os pais para que seja realizada uma avaliação de forma a que não existam dúvidas e prejuízos no futuro da criança. “As pessoas pensam na criança como ela está agora, mas devem lembrar que ela vai crescer. Se ela não receber o acompanhamento correto, pode se tornar uma criança com baixa autoestima. E que tipo de adulto ela se tornará se só for encarada como um problema?”, afirma.

Características do hiperativo

No Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, da Associação Americana de Psiquiatria, tem-se a orientação de diagnosticar pelo menos seis características pelo período de mínimo de seis meses, e que estejam dando prejuízo para a vida da criança, como por exemplo:

- ser inquieta (mexendo as mãos e os pés ou não parando quieta na cadeira),

- ter dificuldade em permanecer sentada,

- se corre sem destino,

- se tem dificuldade em fazer uma atividade quieta ou em silêncio,

- se fala excessivamente ou interrompe conversas de outras pessoas – sem pedir licença,

- responder a perguntas antes de elas serem formuladas,

- agir como se fosse movida a motor,

- ter dificuldade em esperar a vez.

A hiperatividade costuma ser mais incidente em meninos e na faixa etária dos sete aos nove anos. “Essa fase é a que eles estão começando a estudar e precisam ter mais atenção. Fica mais fácil perceber a dificuldade de concentração dessas crianças. Elas ficam sem noção de espaço e de limites, não por teimosia, mas porque não têm noção do que estão fazendo”, diz Maria Teresa.

A psicóloga conta que para trabalhar com hiperativos é preciso montar um esquema que envolva todas as pessoas que têm ligações com a criança. “Verifica-se que a maneira mais eficiente e com resultados satisfatórios é montando um esquema multidisciplinar; quer dizer, envolvendo a família, desde a vovó, até a empregada, a escola, neurologista, pediatra e outros profissionais que estejam acompanhando a criança. Para que se faça principalmente um trabalho comportamental, orientando, recomendando, reestruturando os ambientes e as dificuldades no dia a dia da criança”, aconselha Maria Teresa.

Como a família e a escola podem agir:

Maria Teresa costuma elaborar uma lista de procedimentos para pais e professores lidarem com a criança hiperativa no seu cotidiano. “Normalmente, para os pais, peço que diminuam os estímulos no quarto da criança, como por exemplo, vídeo, computador, e jogos. A criança deve ter horários fixos para todas as atividades (café da manhã, banho, brincar, dormir). Quando os pais falarem com ela, devem solicitar que ela repita o que entendeu.”

“Elogiar o que ela fizer corretamente mesmo que seja ficar sentada por cinco minutos, pois é importante para que se sinta reconhecida nas atitudes e atividades que estiver fazendo adequadamente”, explica a psicóloga. Maria Teresa acrescenta que os elogios são importantes porque elas sempre são lembradas apenas pelas coisas ruins que fazem. “É importante os adultos fiquem atentos, pois as crianças hiperativas ficam com a autoestima baixa a partir da repetição do erro, pois apenas dessa maneira elas conseguem chamar atenção, mas é uma atenção negativa”, explica.

“Na escola costumo orientar, principalmente, que pais e professores se comuniquem com mais frequência. Sugiro aos professores uma posição estratégica da criança, em sala de aula, mais próxima da professora, que ela convide mais vezes a criança como ‘ajudante’, quer dizer, com tarefas que a ocupem. Ela vai se sentir estimulada e reconhecida”, explica a psicóloga.

* Entrevista para o site Facilitando sua Vida, em 2003.


Fonte: Maria Tereza Ramos de Souza. Psicóloga cadastrada no Help Saúde.

Temas relacionados no Help Saúde: Psicologia, Psicoterapia

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