A Medicina baseada em evidências (MBE) é o uso consciente, explícito e ajuizado da melhor evidência a tomada de decisões sobre o cuidado/tratamento de um paciente em particular. Entretanto, não devemos esquecer que a MBE é apenas uma bússola e nós, médicos, somos os comandantes.
Modernamente temos o conceito de prática baseada em evidência que incorpora as evidências clínicas com a experiência ou com a vivência do médico e com preferências do paciente.
Basicamente, são cinco passos para a tomada de decisão na prática clínica:
- Formular uma pergunta;
- Pesquisar a literatura;
- Avaliar a qualidade e relevância dos artigos;
- Integrar a evidência identificada nos estudos com a experiência clínica e as preferências do paciente para a tomada de decisão;
- Avaliar a efetividade após implementação.
Vamos nos ater ao primeiro passo: como fazer a pergunta clínica?
A pergunta é o primeiro elemento da busca. Sendo ela bem clara e definida, é possível obter o resultado esperado. O profissional perante o caso concreto de um paciente para o qual existe uma dúvida deverá pensar o que é relevante ter conhecimento, ou seja, identificar o problema e formular uma pergunta que seja relevante para sua resolução a fim de facilitar a busca por uma resposta.
Neste processo, há quatro elementos: pacientes, intervenção, comparação e desfecho (outcome). Analisando:
(P) Pacientes (ou população): “como posso descrever um grupo de pacientes que sejam semelhantes ao paciente que eu estou acompanhando?”.
(I) Intervenção: “que intervenção ou tratamento quero avaliar com esse questionamento?”.
(C) Comparação: “com o que quero comparar a intervenção que estou avaliando?”. Pode-se comparar a intervenção que se quer avaliar com um tratamento já experimentado previamente e que se mostrou eficaz em determinada condição médica. Outra opção consiste na utilização de placebo, que corresponde a um tratamento sem qualquer ação biológica.
(O) Outcome (desfecho): “que desfechos quero analisar nos pacientes expostos a essa intervenção?”. Como se pode perceber, combinando-se as letras iniciais dos quatro elementos, se obtém a abreviatura PICO, comumente descrita em artigos de revisão relacionados à MBE. Utilizando-se o princípio PICO, é possível localizar artigos mais relevantes e precisos durante o levantamento bibliográfico. Um exemplo: em pacientes idosos (P), será que os inibidores da enzima conversora de angiotensina (I), em comparação com os β-bloqueadores (C), são mais eficazes em controlar a pressão arterial e minimizar os efeitos colaterais (O)?
Além disso, dependendo de como a questão clínica for formulada, a evidência pode ser direcionada e focada para se responder a diferentes aspectos clínicos. Por exemplo: podemos focar em um tratamento. Será que a prescrição de sumatriptano é eficaz em reduzir a intensidade das crises de cefaleia em mulheres com enxaqueca?
Também podemos focar em prevenção: se determinada estratégia de prevenção resulta em uma ocorrência menor de novos casos ou mesmo no diagnóstico precoce de uma doença. Exemplo: será que a determinação seriada dos níveis séricos do antígeno prostático específico (PSA) em pacientes idosos assintomáticos reduz o risco de morte por câncer de próstata?
Outro foco pode ser na etiologia, avaliando qual(is) fator(es) pode(m) estar relacionado(s) na gênese de doenças. Exemplo: será que a exposição crônica ao tabaco está relacionada com um risco maior de desenvolvimento de câncer de pulmão? Portanto, fazendo as melhores perguntas, com certeza, encontraremos as respostas mais adequadas a nossos pacientes. Como dizia Claude Bernard, pai da Medicina experimental: “quem não sabe o que procura não reconhece aquilo que encontra”.
Encontrando as melhores respostas disponíveis, aliaremos a nossa vivência e a de sábios colegas à opinião dos pacientes para fazer uma Medicina embasada na competência.
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Fonte: Dr. Fábio Freire, CRM: SP105425, é Reumatologista cadastrado no HelpSaúde. Precisando de um Reumatologista busque um perto de você em nosso site.
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